O beijo do Rock in Rio e o amor como doença

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Imagem por Marco Antônio Teixeira/UOL

Os telões do palco Sunset gritavam “Amar Sem Temer!”. Liniker, vocalista do Liniker e os Caramelows, e Johnny Hooker se beijavam enquanto a plateia, de mãos para cima e corações para o céu, aplaudia. As vozes mais altas que nunca. Era mais que qualquer ato político, era mais que qualquer demonstração de afeto. Era um clamor por socorro, era a necessidade de mudança em apenas um beijo.
Seria mesmo apenas um beijo? Não, era muito mais que isso.
Ali, naquele palco da Cidade do Rock, um núcleo que se tornara mundial, estavam os dados do Brasil escancarados para o mundo todo. Nosso país é uma das nações que mais mata LGBT’s. Foi escrito por um, foi lido por milhões e absorvido por poucos.  Não foi apenas um beijo. Aquele beijo tinha mais signos que qualquer um pudesse explicar. Foi um ato de coragem. Foi militância declarada. Foi representatividade em um dos maiores festivais (se não o maior) de música do país. Foi uma significação para àqueles que amam temendo todos os dias. Foi um beijo.
Os tempos atuais são construídos em pilares tão distintos que as opiniões se divergem em margens distantes, e as vezes essa distância parece inatingível de superar. Hoje é dia 20 de setembro de 2017, século XXI e ainda gritamos por igualdade, por equidade e por direitos que deveriam ser nossos desde o nosso primeiro respirar, como amar quem desejar, por exemplo.
Um beijo nos choca, um beijo nos inflama e um beijo nos motiva. Ao tocar os lábios um do outro, Hooker e Liniker não só explicitam as dificuldades da população LGBT brasileira, como também dizem em voz baixa, quase que em um sussurro, “ainda há esperança”. Não só para amar sem temer, não só por andar com as mãos entrelaçadas sem medo, não só pelo direito de se casar, mas sim pela liberdade de dizer “o meu amor não é doença, e eu posso, sim, amar (ou apenas beijar) quem eu quiser”.
Enquanto houver o menor sinal de vida, o amor ainda prevalecerá. Os tempos são sombrios, a sociedade mais ainda, mas a esperança de uma mudança jamais será apagada.
“As pessoas não são más, elas só estão perdidas” Criolo.


Por: Brunna Luiza Nascimento, Fernanda Guimarães, Janaína Almeida.

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