Resenha | Fahrenheit 451 - Ray Bradbury
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A palavra distopia, muito utilizada no
universo literário, mas que poucos conhecem o significado, caracteriza uma sociedade
futurística, imaginária. Nela, tudo se organiza de forma opressiva e
totalitária, com regimes pouco democráticos, em que as pessoas não têm direito
a nada. As condições de vida geralmente são precárias, e extremamente
desiguais.
Em Fahrenheit 451, uma narrativa fictícia
e também distópica, Ray Bradbury escreve uma crítica sobre a Sociedade de Massa,
as relações de consumo e a alienação dos meios de comunicação. Escrito no
começo da Guerra Fria, em 1953, a obra
é, assim como outras do estilo, como a Revolução dos Bichos e Adorável
Mundo Novo atual, mesmo considerando a época em que foi escrita.
Com 215 páginas, o livro é bem denso, o
que não significa que seja chato. Nele, o autor utiliza de várias metáforas e
figuras de linguagem para a construção de sua história, fazendo com que o
leitor reflita sobre as questões abordadas. Junto a isso, o escritor utiliza
também de palavras pouco usuais, que podem tornar a leitura um pouco mais
lenta, uma vez que a reflexão pode ser necessária a cada parágrafo.
Mas não se engane, apesar de lenta, a
trama é famosa por despertar o senso crítico no leitor, e claro, o seu
interesse. Dividida em 3 blocos narrativos, como o antes e o depois do
surgimento do conhecimento e de questionamentos na vida do protagonista, a história
é construída a partir da realidade de três personagens, Guy Montag – o
protagonista -, Mildred – a esposa deste e o reflexo do contexto - , e Beatty,
o capitão dos bombeiros e um dos pilares da sociedade que compõe o livro.
Já se imaginou viver em uma sociedade em
que ter livros era proibido, e quase um crime capital? E caso você fosse pego
portando um exemplar, este deveria ser queimado, e pulverizado da face da
Terra? Em Fahrenheit 451, os livros não fazem mais parte da realidade, e o
único conhecimento é proveniente dos meios de comunicação. Lá, a TV se tornou um “parente”, e os remédios,
um melhor-amigo. A verdade vive escondida, e o conhecimento, que antes era
poder, não existe mais.
E por fim, os bombeiros, que antes
apagavam incêndios, são responsáveis por atear fogo nas produções, garantindo
que o mal trazido pelos livros – expressão utilizada na obra – não volte a
surgir. Guy Montag, um bombeiro, sempre sentiu prazer em queimar, até que um
dia, ao conhecer Clarisse, uma menina de 17 anos que o faz questionar sobre a
vida, ele começa a repensar sobre seus valores, seu papel no corpo social e no
mundo. Para tornar a situação ainda mais problemática, em um dia comum como
qualquer outro de trabalho, uma senhora se recusa a viver sem seus livros,
preferindo morrer. A partir desse momento, junto ao ocorrido anterior, Montag
começa a refletir e problematizar a estrutura da sociedade em que vive.
Algo curioso sobre a obra é que o seu
título é uma referência a escala de medida de temperatura, Fahrenheit, e o valor, 451, a temperatura necessária para o papel
entrar em combustão. Além disso, é
importante ressaltar que a opressão intelectual, no caso, a queima de livros,
era um costume muito comum, e uma forma de dominação. Na Segunda Guerra
Mundial, Hitler queimou vários livros, e controlou o acesso a todas as obras de
arte na Alemanha como um modo de cercear e destruir também o conhecimento. E
como já diria a clássica frase, “conhecimento é poder”.
Escolhemos Fahrenheit 451 por ser uma obra
escrita em 1953, mas que ainda assim, relata o presente. Fora que mostra a
importância do conhecimento para a formação de senso crítico, e de cidadãos que
percebem a realidade em que vivem, estando dispostos a questionar, lutar pelos
seus direitos, e por uma sociedade mais justa.
FICHA TÉCNICA
Nome: Fahrenheit 451;
Páginas: 215;
Autor: Ray Bradbury;
Editora: Biblioteca Azul;
Gênero: Ficção científica;
Sinopse:
“Escrito após
o término da Segunda Guerra Mundial, em 1953, Fahrenheit 451, de Ray Bradubury,
revolucionou a literatura com um texto que condena não só a opressão
anti-intelectual nazista, mas principalmente o cenário dos anos 1950, revelando
sua apreensão numa sociedade opressiva e comandada pelo autoritarismo do mundo
pós-guerra. Agora, o título de Bradbury, que morreu recentemente, em 6 de junho
de 2012, ganhou nova edição pela Biblioteca Azul, selo de alta literatura e
clássicos da Globo Livros, e atualização para a nova ortografia. A
singularidade da obra de Bradbury, se comparada a outras distopias, como
Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley, ou 1984, de George Orwell, é perceber
uma forma muito mais sutil de totalitarismo, uma que não se liga somente aos
regimes que tomaram conta da Europa em meados do século passado. Trata-se da
“indústria cultural, a sociedade de consumo e seu corolário ético – a moral do
senso comum”, segundo as palavras do jornalista Manuel da Costa Pinto, que
assina o prefácio da obra. Graças a esta percepção, Fahrenheit 451 continua uma
narrativa atual, alvo de estudos e reflexões constantes. O livro descreve um
governo totalitário, num futuro incerto, mas próximo, que proíbe qualquer livro
ou tipo de leitura, prevendo que o povo possa ficar instruído e se rebelar
contra o status quo. Tudo é controlado e as pessoas só têm conhecimento dos
fatos por aparelhos de TVs instalados em suas casas ou em praças ao ar livre. A
leitura deixou de ser meio para aquisição de conhecimento crítico e tornou-se
tão instrumental quanto a vida dos cidadãos, suficiente apenas para que saibam
ler manuais e operar aparelhos.” – Saraiva.
Por: Acsa Alves, Anna Flávia Alves, Ayllana Ferreira e Francielly Teixeira
Caso tenha interesse na versão áudio-visual da resenha, esta pode ser encontrada aqui.
1 comentários
Obrigado por compartilhar a sua resenha deste livro clássico. É muito interessante. Esse é um dos meus livros favoritos! Eu preciso ver o filme que vai ser lançado neste mês. Você já viu o trailer? A verdade essa se tornou em uma das minhas histórias preferidas desde que li o livro Fahrenheit 451, e quando soube que seria adaptado a tela grande, fiquei na dúvida se eu a desfrutaria tanto como na versão impressa, mas o trailer e parece bom!. Considero que um fator que vai fazer deste um grande filme será a atuação de Michael B Jordan, seu talento é impressionante. É um dos meus atores preferidos. Já estou esperando o filme ansiosamente. Eu recomendo.
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